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segunda, 20 de março de 2023 - 09:00h
'Estando aqui, me sinto outra vez criança', diz visitante da Fortaleza de São José de Macapá ao completar 87 anos
Durvalina Silveira reuniu a família para realizar ensaio fotográfico neste domingo, 19, quando o ponto turístico completa 241 anos de fundação.
Por: Marcelle Corrêa
Foto: Jorge Junior/GEA
Durvalina Silveira comemorou seus 87 anos com sessão de fotos na Fortaleza de São José

Neste domingo, 19 de março, o Amapá comemorou o dia com as bênçãos do padroeiro do estado e da capital, São José. A data especial também celebra os 241 anos da Fortaleza de São José de Macapá.

Fazendo parte da vida de muitas pessoas nesses mais de dois séculos de fundação, a Fortaleza emerge história em cada pedra da fortificação. Histórias dos antepassados que deram suor e sangue para a construção e histórias de quem chegou para povoar e ajudar no desenvolvimento do Amapá.

Aos 87 anos, Durvalina Silveira lembra de quando chegou ao Amapá, aos 5 anos de idade, junto com a família. Eles vieram das Ilhas do Pará, da Comunidade Caldeirão, em meados de 1930. Logo se instalaram em uma área que, antigamente era conhecida como Elesbão, e ficava na parte leste da Fortaleza.
Durvalina também faz aniversário em março e escolheu a Fortaleza de São José para celebrar a data. Neste domingo, a família se reuniu para uma sessão de fotos em comemoração aos seus 87 anos de vida. E a família é grande: são 10 filhos, 39 netos, 62 bisnetos e 4 tataranetos.

"Eu estando aqui, me sinto outra vez criança, eu cresci vendo e visitando a Fortaleza. Aqui era o quintal da minha casa”, relembra Durvalina.

O filho dela, Lúcio Silveira, conta que a mãe sempre fez questão de trazer ele e os irmãos para conhecer a Fortaleza e ela era como uma guia particular para eles.

"Minha mãe é muito fã da Fortaleza de São José. Eu lembro que quando eu tinha por volta de 7 anos ela me trazia aqui [Fortaleza] e me mostrava todos os locais, ela sabia o nome de todos os baluartes, quantos canhões tinham. Tudo ela explicava para gente e isso é muito marcante na vida de toda a família”, recorda, Silveira.Outra história é a da Carmem Câmara, de 78 anos. Atualmente ela mora em Breves (PA) e veio visitar a filha que mora em Macapá. Ao chegar à Fortaleza, ela fez uma pausa em frente à capela, que fica dentro da fortificação, fez o sinal da cruz e se emocionou.

Com lágrimas nos olhos, Carmem conta que o local traz muitas lembranças da mãe dela que sempre a trazia na capela para fazerem juntas orações.

"É uma maravilha estar aqui. Toda vez que venho na Fortaleza eu venho na capela, eu sinto uma felicidade muito grande, me emociona muito. Minha mãe morou aqui em Macapá por muitos e nós sempre vínhamos aqui, muitas vezes. São muitas lembranças”, contou, emocionada.Para a secretária de Estado da Cultura (Secult), Clícia Di Miceli, ter a população visitando o local contando suas histórias passadas e construindo novas memórias é essencial para que a história da fortificação nunca seja esquecida.

"Esse é um patrimônio do povo amapaense e quem cresceu aqui, seja em qual idade estiver com certeza tem uma parte da sua história vivida aqui nesse monumento”, disse a gestora.
Fortaleza de São José
Inaugurada no dia 19 de março de 1782, a Fortaleza de São José de Macapá é considerada a maior fortificação do Brasil, segundo pesquisas arqueológicas da Universidade de Pernambuco. Ela foi erguida com o propósito de defender a Amazônia diante da possibilidade de uma possível invasão francesa.

Localizada em uma área extensa de quase 30 mil metros quadrados à margem esquerda da foz do Rio Amazonas, a Fortaleza é um dos mais antigos pontos turísticos da capital amapaense. Foi tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) em 22 de março de 1950, e elevado à categoria de museu em 2007.

Em 2008, a Fortaleza foi escolhida por meio do voto popular como uma das sete construções consideradas as maravilhas do Brasil, levando em conta o seu valor cultural e histórico.
A secretária de Estado da Cultura (Secult), Clícia Di Miceli, lembra que, nesses 241 anos, é importante enaltecer todos que construíram a Fortaleza, transformando o monumento em uma realidade histórica, que foi deixada como legado que se pode tocar, visitar e aprender "in loco" sobre a importância dela para o Amapá e para o Brasil.

"A Fortaleza é o patrimônio mais querido, mais procurado em nosso estado pela importância histórica fantástica. Reconhecemos todo o sacrifício utilizado na mão de obra indígena e negra que foram escravizadas para erguer o que hoje é este patrimônio. Precisamos olhar para a beleza arquitetônica, sem esquecer a história de quem construiu. Não se esquecer do papel da fortificação, a Sentinela do Norte que foi construída às margens do Rio Amazonas para guardar esse território e guardar toda, o que consideramos hoje a Amazônia brasileira”, enfatizou a secretária.

A gerente do Museu da Fortaleza, Flávia Souza, adianta que dentro do processo de restauração do forte, uma das prioridades é dar destaque aos povos indígenas e africanos.

"Garantir visibilidade aos indígenas e africanos dentro da engrenagem do monumento. No passado, tanto no processo construtivo como na formação da identidade cultural do povo amapaense e amazônico; no presente, considerando a pouca representatividade destes no discurso museológico atual; e futuro, já vislumbrando novas formas de representações destes povos no projeto de readequação dos espaços expositivos através das novas expografias e museografias que a Fortaleza receberá em seu projeto de restauro requalificação e readequação em breve", garantiu.

Flávia acrescenta que a construção da Fortaleza deu início à formação urbana de Macapá.

"Sempre é bom ressaltar o valor cultural e a importância histórica desse monumento para a memória e a formação identitária do povo amapaense, pois, além de ser um testemunho do período colonial, uma das consequências mais marcante da construção da Fortaleza de São Jose de Macapá foi a criação da Vila de Macapá, e o seu significativo desenvolvimento durante o período", resumiu Flávia.

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