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sexta, 23 de setembro de 2016 - 21:59h
Evento discute suicídio e divulgação na mídia amapaense
Especialista sugere a jornalistas repensarem a forma de divulgação na mídia local; segundo sua pesquisa, falta orientação inclusive a profissionais da Saúde
Por: Diego Diniz
Washington Brandão fez uma análise sobre o comportamento da mídia ao retratar casos de suicídio

Um levantamento divulgado pelo IBGE lançou um alerta sobre Macapá em 2013: foi constatado, a partir dos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, que a cidade possui uma média de 6,63 suicídios a cada 100 mil habitantes, uma taxa que supera em mais de um ponto a média nacional, de 5,01/100mil, o que faz do suicídio a quinta causa de morte mais comum no Estado.

Com o objetivo de explicar métodos de identificação de sintomas e prevenção ao suicídio, a Unidade de Educação Inclusiva da Universidade do Estado do Amapá (Ueap) realizou na sexta-feira, 23, o I Seminário Sobre Prevenção ao Suicídio: Precisamos falar sobre isso.

A palestra consistiu na apresentação da defesa de doutorado do psicólogo amapaense Prof. Dr. Washington Brandão. Em 2015, Brandão apresentou a tese "Comportamento suicida: sociedade, assistência e relações comportamentais" na Universidade Federal do Pará (UFPA), trabalho com o qual obteve doutoramento.

"Existe uma relação entre as dimensões do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – de renda, longevidade e educação – com as taxas de suicídio", explica o psicólogo, que salienta para a importância dos profissionais da área se atualizarem nos manuais e políticas públicas que enfatizam sobre a prevenção e condução dos casos.

Segundo o estudo, uma a cada três pessoas que tenta o suicídio é tratada na urgência, mas nunca é encaminhada a centros especializados. "É uma cultura de somente tratar a doença do paciente para que ele possa logo voltar a produzir, não há preocupação com o acompanhamento, essa é a lógica que a gente tenta desconstruir", explica.

O Amapá é um caso próprio do gênero pois aqui, assim como no Acre, houve um recente processo migratório que trouxe às cidades um grande número de habitantes de outras regiões. Tal conjunto de fatores, segundo o pesquisador, contribui para o enfraquecimento de pessoas que, passados os anos de adaptação, não conseguem se integrar à sociedade local. O distanciamento geográfico do Estado com relação ao resto do país também pode propiciar um sentimento de isolacionismo a essas pessoas, considera Washington. "É preciso uma análise social macro antes de se aprofundar no problema individual, a tendência ao suicídio, muitas vezes, não aparece de forma espontânea", salientou.

Suicídio na mídia

Existe uma convenção não-oficial, fora do Código de Ética dos Jornalistas, que determina: suicídios devem ser evitados ao máximo na grande imprensa. Contudo, é comum encontrarmos em blogs, redes sociais e em alguns jornais locais fotos, e até mesmo cartas póstumas, de pessoas que cometeram suicídio.

Washington Brandão fez uma análise sobre o comportamento da mídia ao retratar esses casos. "A forma como o suicídio é noticiado é preocupante, a mídia parece naturalizar o suicídio quando trata da questão", identificou. "A recomendação da OMS [Organização Mundial da Saúde] não é a de proibir falar de suicídio, mas que o jornalista tenha a sensibilidade de informar à população que existem, por exemplo, centros onde as pessoas com problemas psicológicos podem ser encaminhadas", recomenda o pesquisador, apontando como centros de referência em Macapá o Centro de Valorização da Vida (CVV – disque 141) e os Capuchinhos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 90% dos suicídios poderiam ser evitados. Por isso, foi lançada no mundo todo a campanha Setembro Amarelo, mês em que vários monumentos históricos ganharam iluminação amarela para chamar a atenção da população para o tema do suicídio e sua prevenção. No Brasil, órgãos e entidades públicas engajam-se em divulgar as formas de prevenção. O seminário marca a contribuição da Universidade do Estado do Amapá à campanha.

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